a título de registros históricos — eu sempre fui meio mentirosinha

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2 min readFeb 23, 2022

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no auge dos meus 11/12 ou 13 anos (eu acho), um dos tópicos que estava na lista de problemas diários era que meu nariz escorria muito de manhã. não sei se por uma rinite não tratada, uma imunidade baixa que o frio matinal fazia meu corpo reagir. mas na época eu tinha certeza que era alergia-de- acordar-cedo-pra-ir-a-escola. bom, numa manhã comum e catarrenta fui ao banheiro na torcida de que um ambiente diferente da sala de aula fizesse meu nariz voltar ao normal e ser só um caninho expirando e inspirando ar. até ai tudo bem (não estava) fiquei fungando na cabine tentando de todas as formas possíveis abrir espaço entre minha área respiratória que não fosse somente a boca. uma luta incansável eu e meu sistema imunológico. até que fui tirada do meu transe, alguém bateu na porta. tímida que só, abri devagarzinho a porta sem falar nada (não posso dar tantos detalhes, talvez eu minta porque minha mente é falha e guardo pouco, as vezes até invento pra ter uma historinha aqui e outra ali. mas essa é verdade).
enfim, era uma menina um pouco mais velha que eu, chamada amanda. tinha os cabelos escuros e compridos. perguntou porquê eu estava chorando. tamanha cara de pau e dona de uma carência de atenção que só eu conheço, fiz certo mistério porque gostei que alguém pensasse que minhas questões eram preciosas e dignas de preocupação (mas na realidade eu só queria assoar meu nariz até perder o ar). ela não insistiu muito mas arrumou meu cabelo e disse que tudo ficaria bem. eu acreditei (e acredito). disse que se eu precisasse poderia conversar com ela, acabei precisando mas nunca fui. fiquei pensando “que bacana é o carinho de terceiros”. ela saiu do banheiro, meu nariz desentupiu e eu conheci a gentileza.

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