eu queria me manter interessada. acho sim a vida algo muito precioso e de vez em quando tenho uma opinião quase que cômica de como o despropósito da existência também me empurra para o viver. tipo: já que estou aqui né. no final das contas: eu não me sinto importante. mas me sinto assim porque de fato, não sou. é meio libertador, não?
mas queria saber porquê é tão difícil levar alguns dias pra frente. a indisposição, a não vontade de ir, de ser, de fazer… enfim. a existência é cansativa. eu me encho de ingratidão por um presente que por vezes, venero: a vida. é essa relação de amor e ódio que temos mesmo com a respiração que entra e sai dos pulmões?
eu não sei se gosto de existir. não sei se gosto de ter relações interpessoais. não sei se gosto de acordar e comprar um creme cheiroso pro cabelo. não sei se entendo bem o que escuto, se compreendo o que leio, se entendo o que aprendo. as vezes me acho meio burra. burra e excepcional.
não acho que eu seja tão agradecida por estar aqui. não acho que eu perceba bem o que me acontece. estou constantemente em conflito interno, que torno externos. me sinto complexa. acho que já fui mais inteligente também. aos 14 anos era questão de honra. também não gosto de quem ainda mantém essa honra. mesmo aos 24 anos ou depois deles.
mas confundem tanto a braveza da vulnerabilidade com burrice. eu estou flertando sempre com a vontade de desistir.
